sábado, 1 de agosto de 2009

Como será a sala de aula com tanta tecnologia?

TECNOLOGIA E EDUCAÇÃO


A SALA DE AULA DO FUTURO

Você imagina como será a sala de aula do futuro? Qual será o papel dos professores? Quem são esses alunos, chamados de nativos digitais, que fazem suas pesquisas escolares no YouTube e já deixaram o Google para lá? Quem explica as tendências de amanhã, mas que já podem ser encontradas hoje, em pequena escala, é a Gerente de Projetos Educacionais da Divisão de Tecnologia Educacional da Positivo Informática, Regina Silva. Confira a entrevista.

Conexão Professor (CP) - Como você avalia a parceria entre tecnologia e Educação?

Regina Silva - A tecnologia, como as pessoas sabem, está em todos os segmentos da sociedade. Usamos, muitas vezes, sem nem percebermos. A escola não pode estar aquém dessas mudanças, uma vez que é a instituição responsável por levar o aluno a se apropriar do conhecimento e a prepará-lo para interagir com a sociedade.

Existe uma piada que diz que se uma pessoa do século passado chegasse ao mundo de hoje, a única instituição que ela reconheceria seria a escola. A tecnologia precisa ser usada para motivar e despertar o interesse do aluno. Ela é uma aliada no processo de ensino e aprendizagem.

Hoje, com todas as ferramentas de comunicação, o ensino extrapola os muros da escola. Os alunos podem interagir com escolas diferentes, inclusive de outros países. Com essas novas ferramentas, a aprendizagem é mais significativa e colaborativa. E o mais importante: os alunos estão prontos para isso. São os chamados nativos digitais. A escola tem que saber usar essas mudanças em prol da Educação.

CP – Você poderia citar algumas ferramentas tecnológicas que podem ser inseridas na sala de aula?

Regina Silva – Estamos em fase de pesquisa, mas algumas já fazem parte do dia a dia das escolas como os portais de Educação, os jogos, os computadores convencionais, os handhelds ou PDA’s (Assistente Pessoal Digital – que são computadores com dimensões reduzidas, mas de grande capacidade) e, agora, os netbooks. Sem falar da realidade virtual, da lousa interativa e da Max Câmera, que tornam as aulas mais interessantes. A Max Câmera é um retroprojetor em 3D.

Existem também as mesas educacionais compostas por módulos eletrônicos e softwares educacionais, que em conjunto atendem múltiplos objetivos educacionais e suprem as necessidades pedagógicas de um amplo universo de alunos de diferentes idades, níveis de conhecimento e de desenvolvimento.

O telefone celular é um exemplo do que tem sido pesquisado. Ele tem um poder incrível, mas ainda estamos avaliando como aproveitá-lo. Sabemos que em sala é proibido, mas ele pode, de alguma maneira, despertar e motivar o aluno. É nesse ponto que queremos chegar.

Pensamos em como a tecnologia pode fazer a diferença na aprendizagem. Temos conteúdos interativos e simuladores, com os quais os alunos podem levantar hipóteses, mudar variáveis e testá-las. O conhecimento deve ser construído através de ferramentas de comunicação para os alunos produzirem suas páginas, jornais, blogs. Os vídeos e chats podem ser o veículo para eles receberem orientação de professores, online, sobre as componentes curriculares.

CP - Podemos decretar a morte do quadro-negro?

Regina Silva – Acho que ainda vai levar um bom tempo para decretarmos a morte do quadro-negro. Os custos de uma lousa interativa, projetor e computador ainda são muito altos se comparados ao quadro.

Não preciso dizer que com a lousa interativa você consegue fazer coisas diferentes para o aluno... Apesar do custo, já temos várias escolas que usam as lousas, mas elas são instaladas em espaços de uso coletivo e não em todas as salas de aula. Quando a professora quer fazer um trabalho na lousa interativa, as turmas, de diversas séries, se organizam para as atividades.

CP – Qual é a tendência da sala de aula do futuro?

Regina Silva – Você não vai mais precisar de espaços físicos. Para ter laboratórios, por exemplo, não é mais preciso um espaço com uma bancada, armários etc. Basta que as escolas tenham kits com netbooks e outros materiais portáteis para o laboratório chegar até a sala de aula.

Atualmente, o problema é a periodicidade. Por existir uma falta de estrutura, de laboratórios de informática, os alunos têm contato com recursos tecnológicos uma vez por semana, ou a cada 15 dias. Isso não é suficiente para gerar uma mudança de comportamento, de cultura. Se compararmos as 20 horas de aula semanais com as duas horas de aula nos laboratórios, perceberemos que o contato do aluno com a tecnologia é muito pequeno.

Destaco o celular como uma possível ferramenta pedagógica no futuro. Por isso, estamos estudando, como disse anteriormente. Ele tem um grande potencial, mas ao mesmo tempo traz diversas questões. Quem pagaria essas contas, o pacote de dados para a transmissão do conteúdo?

CP - Qual é o perfil desse aluno que estamos falando?

Regina Silva – Quando o jovem vai a uma Lan House, ele usa Orkut, MSN e YouTube. Precisamos usar mais o interesse dele pelas redes sociais para aprimorar o ensino. Eles não usam o Google, por exemplo. Se tiverem uma pesquisa para fazer, primeiro eles irão fazer uma busca no YouTube. Depois, se não encontram nada, no Google. Precisamos aproveitar essas pesquisas que mostram tendências e o que os motivam. Podemos tornar a Educação menos chata e mais atraente.

CP – Com tantos recursos tecnológicos, qual é o papel do professor em sala de aula?

Regina Silva - Ele deixa de ser um transmissor do conhecimento para ser um facilitador da aprendizagem. O aluno entende mais de tecnologia do que o professor, não adianta lutar contra isso. O professor deve usar o conhecimento do aluno e trabalhá-lo com toda a turma. O professor não precisa saber tudo, deve usar a tecnologia como sua aliada. É ele quem vai definir o que deve ser estudado, o conteúdo que será trabalhado em sala de aula. Dessa forma, não fica chato nem para o aluno nem para o professor. É importante que o professor não sinta medo e não fique resistente à tecnologia.

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