Abaixo a entrevista concedida ao Jornal "O ESTADO DE SÃO PAULO" (edição de 04/10/09):
''Alckmin só não saiu porque é bem mais conservador do que eu''
Chalita diz que sua votação lhe deu autonomia para buscar caminho próprio
Quando deixou a Secretaria de Educação, em 2006, Gabriel Chalita prometeu a si mesmo que não se envolveria mais com política. Queria se dedicar unicamente à vida literária, que já rendeu 46 livros em seus 40 anos. Mudou de ideia dois anos depois: o mentor tucano Geraldo Alckmin estava enfraquecido no embate com Gilberto Kassab pela Prefeitura de São Paulo e bem que poderia contar com o jovem boa pinta e promissora liderança católica no palanque.
Se não deu resultado para Alckmin, Chalita foi eleito vereador, o mais votado do Brasil. Agora, o escritor, filósofo, educador, doutor em direito, cantor, etc. está envolvido na política até o topo da cabeleira bem penteada. E protagonizou uma dança de cadeiras que mobilizou a política paulista.
Na terça-feira, ele assinou a filiação ao PSB, aplaudido por boa parte da cúpula do PT de São Paulo, Ciro Gomes, Luiza Erundina, Marcelinho Carioca, Claudinei Quirino, padre Júlio Lancellotti e outras personalidades, políticas ou quase. Preparou um discurso, o que quase nunca faz, em que citou Santo Agostinho, Kant, Bento XVI, Clarice Lispector, Aristóteles... "Minha expressiva votação me deu autonomia para buscar um caminho próprio. Eu sair do PSDB não enfraquece o Alckmin, porque quem vota em mim vota nele", disse antes da aula de filosofia que daria na Casa do Saber.
Ao longo da semana, Chalita deixou claro que entre as principais motivações para sua decisão está mesmo a profunda divergência com o governador José Serra. Tanto que, quando recebeu Cid Gomes, governador do Ceará, na quarta-feira, confessou a mágoa com os serristas e disparou, como se fizesse uma grande revelação: "O Serra não gosta de professor." Ao que ouviu de Cid: "Nem de nordestino." Riram, congratularam-se pela gracinha, empolgaram-se com a chance de Chalita ser senador.
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