Condição familiar é fator preponderante no desempenho escolar
Realizado entre 1997 e 2005, o trabalho ressalta que o tamanho da escola e o turno de tempo integral também exercem efeito sobre o desempenho dos alunos
Agência USP de Notícias
Dados sobre o desempenho escolar de alunos da 4ª série em matemática e a infra-estrutura das escolas públicas e particulares de ensino fundamental no Brasil, demonstram que o sistema educacional repete a estratificação sócio-econômica existente no País. As estatísticas analisadas
A pesquisa da economista Ana Maria de Paiva Franco foi realizada a partir dos dados do Censo Escolar, anual, e do Sistema de Avaliação do Ensino Básico (SAEB), atualizado de dois em dois anos. "Os dados do SAEB fornecem uma amostra representativa das escolas de todo o Brasil, professores, alunos e diretores. Juntamente com as informações do censo escolar, foi possível montar um painel de escolas para analisar o impacto que as características sócio-econômicas dos alunos e suas famílias, e as características das escolas, professores, diretores e turmas excercem sobre o aprendizado", conta a pesquisadora. No total, foram analisadas informações sobre 1.584 escolas públicas e 978 privadas, entre os anos de 1997 e 2005. O parâmetro do desempenho dos alunos foi a nota na prova de matemática da 4ª série, aplicada pelo SAEB.
"No estudo estima-se uma função de produção da educação para medir a influência das variáveis de interesse, que podem ser alvo direto de políticas educacionais", diz Ana Maria. "O resultado dos exames diferiu muito do ensino particular para o público, o que demonstra que a escola excerce sim um papel importante no aprendizado". Ao mesmo tempo, verificou-se que as características do aluno e da família tem influência decisiva no aprendizado, inclusive na rede particular, onde fatores como o atraso escolar chegam a reduzir em até 26 pontos a nota média do aluno.
Na rede pública, o desempenho dos alunos que se declararam pardos e mulatos foi 2,38% melhor que os que se denominaram brancos. Com os negros, porém, a diferença desfavorável foi de 14% nas escolas particulares e 6% nas públicas. Entre estudantes que moram com os pais, o acréscimo foi de até 5 pontos no ensino privado, enquanto o ganho na rede pública foi de apenas 0,85 ponto. "A escola privada aproveita melhor o que o aluno traz da família", conta a economista. "Quando a mãe possui ensino primário, o desempenho do filho é 3 pontos superior do que quando ela não possui estudo, e essa melhora se amplia conforme a formação das mães se estende ao ensino médio e superior". Alunos que declararam trabalhar fora pontuam até 12 pontos a menos em escolas particulares, contra 7 pontos a menos nas públicas.
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