Criança e Adolescente
Edição 209 | Fevereiro 2008Quatro mitos da dislexia
Criança que não aprende é doente, dizem muitos. Mas a solução para as dificuldades de aprender a ler e escrever, entre outros problemas, passa primeiro pela sala de aula
Deca Pinto (novaescola@atleitor.com.br)
=== PARTE 1 ====
Existe
uma espécie de fantasma que assombra as salas de aula brasileiras. Ele
atende pelo nome de dislexia e é coresponsável pelas dificuldades de
milhões de crianças, sobretudo nas séries iniciais. Mas será que ela é
a causa de tantos problemas de aprendizagem? É quase consenso que esse
distúrbio é um grande obstáculo que impede o pleno desenvolvimento da
leitura e da escrita. Especialistas ouvidos por NOVA ESCOLA, no
entanto, discordam da análise. “Ela tem sido usada para justificar o
fracasso escolar e a evasão e, com isso, muitos tiram o foco da baixa
qualidade do ensino, deixando os alunos como os únicos responsáveis
pelas deficiências da escola”, avalia Telma Weisz, doutora em
Psicologia da Aprendizagem e do Desenvolvimento e uma das autoras dos
Parâmetros Curriculares Nacionais de Língua Portuguesa.
Grande parte dos estudantes que escrevem as letras invertidas na
alfabetização ou cometem erros de ortografia age assim porque essas
ocorrências são normais no processo de aquisição da linguagem escrita.
Da mesma forma, o pouco interesse pela leitura e pela escrita pode ser
visto como doença - ou reflexo da falta de contato com material
impresso e das poucas oportunidades para ler e escrever no dia-a-dia. E
as causas genéticas e emocionais da dislexia? Se você prefere rotular
seus alunos em vez de se interessar pela forma como ele apreende
conhecimentos, não há muito a fazer. Se, contudo, você prefere
acreditar que todos podem se desenvolver do ponto de vista cognitivo e
intelectual, vai concordar que essa é uma das formas mais cruéis de
barrar os avanços porque acaba por envolver também as famílias nesse
processo preconceituoso de determinar o futuro das crianças.
Então, a dislexia não existe? Sim, ela é uma doença catalogada. O que
não está clara é a idéia estabelecida em alguns consultórios e salas de
aula de que a patologia está na origem das dificuldades de
aprendizagem. Os conhecimentos de pedagogia e os estudos sobre como se
constrói o conhecimento simplesmente não são levados em conta nas
discussões atuais sobre o tema. Talvez por isso pareça tranquilo
"encaminhar" esses estudantes aos serviços de saúde (como revelam os
casos relatados nesta reportagem). Ao considerar esses saberes, o
diagnóstico costuma ser alterado e as soluções propostas passam a ter
muito mais a ver com as atividades desenvolvidas em classe. Confira a
seguir os quatro grandes mitos em torno da dislexia hoje.
=== PARTE 2 ====
=== PARTE 4 ====
=== PARTE 5 ====
Continue lendo
Nenhum comentário:
Postar um comentário